. BELO HORIZONTE - O Brasil x Uruguai
desta quarta-feira, às 16h, pela semifinal da Copa das Confederações, vai ecoar
em toda Belo Horizonte, em todo o país e talvez fora dele. Seja pelo que vai
acontecer no gramado do Mineirão, seja por toda a carga de tensão que cerca o
jogo. Em campo, a seleção brasileira tenta restabelecer a hierarquia do
confronto com os uruguaios, retomar a posição de força dominante. E, o
principal, fazer sua parte para que o sonho do mundo do futebol se realize: um
duelo final contra a Espanha na decisão de domingo. Fora do estádio, a onda de
manifestações que se espalhou pelo Brasil promete atingir seu grau máximo. A
ponto de a Polícia Militar de Minas Gerais ser hesitante ao responder se dará
garantias para a realização do jogo.
Todos
direitos reservados a Infoglobo Comunicação e Participações S.A. Este material
não pode ser publicado, transmitido por broadcast, reescrito ou redistribuído
sem autorização.
Na
terça-feira, em entrevista coletiva, o comandante da PM mineira, Márcio Martins
Sant’Ana, foi claro. Segundo ele, a possível presença de 100 mil a 300 mil
pessoas protestando nas ruas pode comprometer o jogo. E, neste caso, disse, o
policiamento (5.500 homens) não terá como impedir os manifestantes de
bloquearem acessos ao estádio do Mineirão.
O Ministério
Público também sugeriu ao governo de Minas que cancelasse o jogo em função da
possibilidade de conflitos violentos, que, acredita, devem ser consequência dos
protestos marcados para hoje.
Protestos
que, na primeira fase da Copa das Confederações, fizeram-se sentir também no
interior dos estádios. Sem violência, vandalismo ou quebra-quebra. O ambiente
de mobilização popular fez dos jogos da seleção um polo de manifestação
patriótica. O Hino Nacional, cantado a plenos pulmões, ajudou a contagiar o
time, que, declaradamente, saiu em defesa do direito popular de protestar, desde
que pacificamente.
Neste
ambiente, a seleção pisará o Mineirão. Provavelmente, sob forte apoio. E terá
uma batalha pela frente. Contra o forte time do Uruguai, tentará cumprir a
parte que lhe cabe para que o mundo veja, no próximo domingo, Brasil e Espanha
decidindo o torneio — se os espanhóis, claro, também fizerem sua parte e
vencerem a Itália, amanhã, em Fortaleza.
No entanto, a
batalha de hoje estará longe de ser mera formalidade. Uma tarefa de peso
histórico espera a equipe do técnico Luiz Felipe Scolari. Faz pelo menos cinco
décadas que a correlação de forças entre Brasil e Uruguai, no futebol, pende
para o país de Neymar. Porém, a ascensão recente dos rivais e a crise técnica
do futebol nacional nos últimos anos fizeram a balança pender para o outro
lado. Hoje, está posta a oportunidade de repor as coisas nos devidos lugares.
Por exemplo,
o quarto lugar do Uruguai na Copa de 2010, quando o Brasil caiu nas quartas de
final. Foi a primeira vez, desde 1966, que os uruguaios terminaram um Mundial
na frente dos brasileiros.
O ranking da
Fifa é outro exemplo. Criado em 1993, teve o Brasil sempre à frente do Uruguai.
Até que, em 2011, a posição se inverteu e assim permanece até hoje. Os
uruguaios, que chegaram a estar em quarto, agora estão em 16º lugar. Enquanto o
Brasil, que liderou de 1994 a 2000, e de 2002 a 2006, hoje é o 22º.
A badalação
em torno dos jogadores também é sinal da nova ordem. O Uruguai tem em Luis
Suárez, do Liverpool, Edinson Cavani, do Napoli, e Diego Forlán, hoje no
Internacional e eleito o melhor jogador da Copa de 2010, jogadores
protagonistas em clubes importantes da Europa. Algo que era habitual ao Brasil,
mas que foi perdido. Agora, Neymar pode recuperar o posto, caso confirme a
expectativa de grande rendimento no Barcelona. São os uruguaios, também, os
atuais campeões da Copa América.
— O Uruguai
tem 90% do time que jogou a Copa de 2010. Tem um time formado. Forlán foi o
melhor do Mundial, Cavani é o artilheiro do Campeonato Italiano, e Suárez, um
dos melhores do futebol inglês — disse o técnico Luiz Felipe Scolari. — Mas
eles também estarão preocupados com os nossos jogadores.
De fato.
Analisando resultados recentes, o Uruguai vem no chamado viés de baixa. Caiu no
ranking e vive enorme dificuldade nas eliminatórias sul-americanas para 2014,
disputadas por nove países, que classificam até cinco times. Já o Brasil dá
sinais de que seu time em formação começa a ganhar consistência.
Hoje, nesta
nova era Felipão, a seleção enfrenta seu primeiro mata-mata.
— Vai ser o
jogo mais difícil, pela qualidade do Uruguai e pela rivalidade. O clima é de
decisão. Mas evoluímos como time — garante o atacante Fred.
Ontem,
Paulinho treinou normalmente e confirmou sua recuperação da torção no tornozelo
direito. Ele voltará a ser titular, no lugar de Hernanes. O restante do time
será o mesmo que bateu a Itália.
. Todos
direitos reservados a Infoglobo Comunicação e Participações S.A. Este material
não pode ser publicado, transmitido por broadcast, reescrito ou redistribuído
sem autorização.