O Hospital
Dr. Beda não apresentou pedido de recadastramento junto ao Programa Estadual de
Transplantes, descredenciando-se automaticamente a prestar esse tipo de serviço
a pacientes renais na cidade de Campos dos Goytacazes, onde era o único
credenciado. Diante das dificuldades para a manutenção de uma equipe em plantão
permanente, a receptação e conservação do órgão, além de inúmeros empecilhos de
ordem logística, a instituição não renovou sua inscrição no programa.
O baixo
financiamento - tendo como contrapartida os altos custos de manutenção do
serviço - foi decisivo para esta tomada de posição. “Quem faz o transplante
renal é uma equipe médica numerosa. Com os honorários baixos, não foi possível
manter duas equipes, a médica e a paramédica. O médico não aceita fazer a
cirurgia com a remuneração que hoje é oferecida pelo SUS”, ressaltou Martha
Henriques, diretora do Grupo IMNE. Martha revelou que ainda tentou junto às
secretarias Municipal e Estadual de Saúde uma taxa complementar que atendesse
aos anseios dos médicos, não obtendo sucesso.
Reunião no
sentido de informar aos pacientes foi travada com o chefe do Serviço de
Hemodiálise, Dr. João Carlos Borromeu. Ele informou que enquanto o hospital não
renovar o credenciamento, os pacientes renais já inscritos no programa não
perderão seus cadastros e terão a opção de escolher o hospital para fazer a
cirurgia. Serviu a reunião ainda para informar aos pacientes não cadastrados
para que façam seu cadastramento no serviço RioTransplante do Programa Estadual
de Transplantes.
A diretora
enfatiza que o não recadastramento foi, antes de tudo, um ato de
responsabilidade. “O transplante renal se dá por doador morto ou vivo. São
feitos testes para checar compatibilidade. Pela tabela atual, estão expostos a
risco tanto o doador vivo quanto o receptor. As condições pós-operatórias não
serão adequadas com baixo custo”, afirmou.
A baixa
remuneração para a realização dos transplantes está se transformando em
problema nacional, uma vez que a tabela do SUS não atende aos investimentos dos
hospitais e tampouco interessa aos médicos e paramédicos. No plano estadual a
história se repete. Na cidade do Rio de Janeiro, o Hospital Federal de
Bonsucesso, na zona Norte da cidade, chegou a interromper a realização de
transplantes de rins e fígado. A retomada dos transplantes somente foi possível
– em abril passado - com a intervenção pessoal do ministro da Saúde, Alexandre
Padilha.
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