Nesta semana,
completa-se meio século de que um grande personagem histórico encontrou uma
equipe do futebol carioca. Mas não se tratava do grande Botafogo da época, com
seus grandes craques bicampeões mundiais, de um Fluminense multicampeão no Rio
de Janeiro, do já tradicional e poderosíssimo Flamengo ou do tão laureado Vasco
da Gama. O clube foi o Madureira e a figura famosa foi ninguém menos que
Ernesto Che Guevara, guerrilheiro argentino que liderou a Revolução Cubana,
quatro anos antes.
O encontro
aconteceu justamente na ilha da América Central. Em 18 de maio de 1963, o
Madura fechava uma vitoriosa excursão ao país e foi visitada por Guevara. A
visita do Tricolor Suburbano foi emblemática: foi o primeiro clube de futebol
estrangeiro a estar em Cuba para disputar jogos após Fidel Castro ter assumido
o poder, em 1959, depondo o ditador Fulgencio Batista.
O Madureira,
que passou por outros países da América Central antes de chegar a Cuba,
disputou cinco jogos no país, vencendo todos. No dia da última partida, Che
Guevara entrou em campo para encontrar os jogadores. Simpático, posou para
fotos, mostrou-se sorridente e até distribuiu algumas flâmulas cubanas para a
delegação madureirense, estas guardadas até hoje no acervo do clube.
Contexto histórico:
clima em Cuba era de tensão
Cuba era o
grande centro do comunismo na América Latina, em plena Guerra Fria. Um ano
antes de receber o Madureira em sua terra, o país viveu uma grande expectativa
de uma guerra de verdade com os Estados Unidos, durante a chamada “Crise dos
Mísseis”, em 1962. Nela, o governo norte-americano soube que Cuba tinha mísseis
nucleares e ameaçou iniciar conflito caso os mesmos não fossem retirados de lá.
Na época, a
União Soviética tomou as dores do país latino e entrou na negociação com o
governo do então presidente americano, John Kennedy. Depois de 13 dias de
tensão, o governo soviético de Nikita Khruschev aceitou retirar os mísseis de
Cuba, não sem antes conseguir forçar também a retirada de mísseis americanos de
bases na Turquia, país que fazia fronteira com a URSS.
Em 1961, um
ano antes da Crise dos Mísseis, outro episódio ameaçou a paz mundial. Exilados
cubanos fieis ao governo de Fulgencio Batista se uniram aos EUA na tentativa de
invadir Cuba e depor Fidel Castro. A ação deu errado, os norte-americanos foram
derrotados e a relação entre os países se deteriorou.
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